Sábado, 04 de Dezembro, às 17h30, no espaço INSTITUTO (Rua dos Clérigos 44, 4050-204 Porto).
O SOS RACISMO convida para a apresentação do livro Quando Ninguém Podia Ficar (Tigre de Papel, 2021), da antropóloga Ana Rita Alves, que contará com a sua participação e também de Mamadou Ba que prefaciou este trabalho.
Sinopse do livro:
Partindo de uma revisão e análise críticas de (con)textos políticos, académicos e mediáticos, este livro procura compreender como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo. Nas páginas deste livro encontrar-se-á, de certa forma, o início do fim do Programa Especial de Realojamento (PER), traduzido na dilaceração e na resistência de uma comunidade histórica, à altura maioritariamente negra, na cidade da Amadora: o bairro de Santa Filomena. E, se é verdade que a história de um lugar particular não possibilita narrar na totalidade um programa de âmbito nacional/metropolitano, com especificidades territoriais indiscutíveis, a história que aqui se reconta não deixa de ser paradigmática de como o Estado português tem pensado e gerido populações negras, Roma/ciganas e imigrantes empobrecidas no espaço urbano –, ilustrando racionalidades eurocêntricas que urge repensar.
Devido às restrições relativas à pandemia COVID-19 os lugares são limitados a 20 pessoas. Por favor faça a sua pré-inscrição. A pré-inscrição não garante lugar mas ajuda-nos a perceber quantas pessoas desejam comparecer. A entrada será feita por ordem de chegada: https://forms.gle/TeMFdb1iMMZFW9ZU7
O Doclisboa e a SOS Racismo juntam-se no Padrão dos Descobrimentos para um programa que procura as possíveis alianças que o cinema e a luta anti-racista podem estabelecer.
O Cinema para uma Luta Anti-Racista é um ciclo de cinema e debates programado pela SOS Racismo. A convite do Doclisboa, a associação leva até ao Padrão dos Descobrimentos, entre 19 e 25 de Julho, uma proposta para a reflexão sobre a identidade do sujeito racializado presente no olhar colectivo da nossa sociedade.
19 JULHO / 18:00 Olhares sobre o Racismo de Bruno Cabral, Eddie Pipocas e Dércio Ferreira Portugal / 2020 / 30′ “Olhares Sobre o Racismo” é um documentário produzido numa parceria conjunta entre a SOS Racismo e a BANTUMEN que condensa os contributos de várias figuras da mobilização social e política para a causa e reflete a interseccionalidade, a diversidade e a transversalidade das várias frentes do combate contra o racismo em Portugal.
Com a presença de Dércio Ferreira
20 JULHO / 18:00 Racismo à Portuguesa de Joana Gorjão Henriques e Frederico Baptista “Racismo à Portuguesa” é uma série realizada por Joana Gorjão Henriques e Frederico Baptista que analisa as desigualdades raciais em Portugal, em diversas áreas, recolhendo testemunhos de quem se sente vítima de diversas formas de racismo.
Há uma preferência “óbvia” dos senhorios em arrendarem casa a brancos
Portugal / 2017 / 18′ O difícil acesso à habitação por parte de pessoas negras e imigrantes é uma realidade. A maioria, ao viver nesta situação, acaba por construir a sua própria casa em bairros clandestinos, muita vezes sem luz ou água canalizada. Neste segundo trabalho da série Racismo à Portuguesa, analisa-se o acesso à habitação, desde a procura de casa à construção informal de bairros.
A justiça em Portugal é “mais dura” para os negros
Portugal / 2017 / 19′ José Semedo Fernandes recorda uma das muitas situações em que, à saída do Bairro de Santa Filomena, onde cresceu, foi mandado parar por um polícia. Nesse dia quis saber qual o fundamento que o tornava suspeito. O polícia respondeu-lhe de forma directa: “um preto é sempre um suspeito.” Agora advogado, José acredita que esta visão ainda perdura. É assim que explica os cartazes espalhados pela Amadora, onde as câmaras de videovigilância do concelho são anunciadas recorrendo a uma família
branca e ao slogan “Olhamos por si”. “Uma pessoa branca que olhe para isto vai pensar que está a ser protegida de pessoas como eu”, acusa. Neste primeiro trabalho da série Racismo à Portuguesa, analisa-se o panorama do sistema judicial português, desde a actuação policial até às prisões, onde se verifica uma sobre-representação dos cidadãos negros.
21 JULHO / 18:00 Mikambaru de Vanessa Fernandes Portugal / 2016 / 31′ “Mikambaru” é uma palavra inventada pelo alter-ego de um dos personagens. O filme faz uma reflexão sobre a diáspora africana pós-colonialista, e a relação com o “Outro”. Questiona as fronteiras mentais que se vão alterando de geração em geração, através do poema “Construir” de Alda Espírito Santo. É um conto de fadas de estereótipos, arquétipos e figuras religiosas que contam a sua própria história.
Com a presença de Vanessa Fernandes
22 JULHO / 18:00 Treino Periférico de Welket Bungué Portugal / 2020 / 20′ Dois artistas saem para treinar, não cabem nos padrões do seu bairro, da sua cidade, nem da sua cultura impostora. “Acredito que a vossa descrição tão sensível me remete à capacidade que temos, de nos desenvolvermos para nos mantermos vivos nesse território que nos foi “devolvido” pelos colonizadores…”, palavras do personagem Raça (Bruno Huca) ditas a Coragem (Isabél Zuaa). Este é um filme feito na periferia da “grande Lisboa” e discursa poética e assertivamente sobre ocupação territorial, pós-colonialismo e desigualdade social ainda vigente na cultura portuguesa.
Com a presença de Lucila Clemente
23 JULHO / 18:00 Nôs Terra de Ana Tica Portugal / 2020 / 70′ Os pais vieram de uma antiga colónia portuguesa. Eles nasceram em Lisboa mas sentem-se mais cabo-verdianos. Saíra do bairro de infância para irem viver para o bairro social. Falam português mas também, desde muito cedo, aprenderam crioulo. Falam sobre a dualidade e a conflitualidade de pertencer a dois mundos que vivem de costas voltadas mas que, apesar de tudo, lhes pertencem como um só. “Nôs Terra” é um documentário centrado no processo de construção de um contra discurso protagonizado por jovens negros portugueses.
24 JULHO / 18:00 O Canto do Ossobó de Silas Tiny Portugal / 2017 / 100′ “Rio do Ouro e Água-Izé foram das maiores roças de produção de cacau em São Tomé e Príncipe durante o período colonial português. Milhares foram marcados pelo trabalho forçado equiparado à escravatura. Regresso ao meu país, para encontrar os vestígios desse passado.” Silas Tiny
25 JULHO / 18:00 Era uma vez um arrastão de Diana Andringa, Mamadou Ba, Bruno Cabral, Joana Lucas, Jorge Costa, Pedro Rodrigues Portugal / 2005 / 26’ 10 de Junho, praia de Carcavelos. Muitos jovens juntam-se ao sol. Há tensão e insultos. Depois chegará a polícia. Às 20h, as televisões apresentam ao país o “arrastão”, um crime massivo, centenas de assaltantes negros, em pleno Dia de Portugal. O noticiário torna-se narrativa apaixonada de um país de insegurança e “gangs”, terror e vigilância. A maré engole o desmentido policial da primeira versão dos incidentes e vários testemunhos sobre uma “inventona”. O filme passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa.
*Os restantes convidados serão confirmados em breve.
É já neste próximo sábado, dia 19 de Junho, que o SOS Racismo vai lançar o Dicionário da Invisibilidade e presencialmente, apresentar o Documentário dos 30 Anos (Bruno Cabral, Edie Pipocas e Dércio Ferreira), no Fórum Lisboa.
Estas atividades integradas no programa da Festa da Diversidade de 2020 que, devido à situação pandémica em Portugal, não se realizou e que finalmente é possível concretizar graças à colaboração do pelouro dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa e do Fórum Lisboa.
Foram cerca de 170 pessoas de Portugal e de vários continentes participaram na construção deste Dicionário da Invisibilidade que será apresentado às 14h30 no Fórum Lisboa pelos coordenadores da publicação, a que se seguirá uma conversa com Ana Barradas, Bruno Gonçalves, Cleo Tavares, Isabel Zuaa, Nádia Iraceme.
Salientamos que estará presente uma pequena delegação de colaboradoras e colaboradores do Estado espanhol e América Latina.
Este Dicionário conta com a a brilhante participação de André Carrilho (Capa e 20 Ilustrações que, durante mês e meio, estiveram em exposição na Casa da Cultura de Setúbal). Agradecemos ainda a direção de Arte&Design de Teófilo Duarte e João Silva (DDLX)
A MICAR convida a comunidade a desenvolver trabalhos originais, sob a forma de cartaz, através das mais variadas técnicas e formas de expressão (design, ilustração, BD, etc.), em volta da intervenção Anti-Racista, até 30 de julho de 2021.
Os trabalhos serão expostos, em arquivo digital online, durante a 8ª Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, e durante as semanas subsequentes.
Os trabalhos poderão ainda ser reproduzidos no Caderno Micar, publicação que acompanha a Mostra, sendo que, tanto na seleção como na escala serão condicionados pela matriz de impressão.
Será ainda selecionado um número de cartazes para exposição, em suporte impresso, no foyer do Pequeno Auditório do Rivoli, durante os dias da Mostra, que, pelas suas características físicas, deverá totalizar até 10 trabalhos.
Há um ano, o realizador Miguel Dores e a sua equipa, começaram a produção de uma longa metragem documental sobre o caso Alcindo Monteiro. Comprometido com a luta contra o esquecimento, o documentário foi filmado com muitas horas de trabalho voluntário e colaborativo.
Agora esta equipa precisa da ajuda de todos para ver a luz do dia. O SOS Racismo junta-se a esta campanha porque é importante que esta história fique registada. Juntem-se a nós também na campanha de crowdfunding www.ppl.pt/alcindo
e de outros direitos fundamentais das populações imigrantes de Odemira
Odemira tem sido notícia nos últimos dias por causa da pandemia COVID 19 e do seu impacto nesta região. É um dos concelhos que não pode progredir no confinamento e duas das suas freguesias encontram-se sob cerca sanitária. Para estas circunstância não são alheias as condições de vida dos trabalhadores imigrantes dos quais dependem, quase exclusivamente, as explorações agrícolas da região.
O SOS Racismo tem alertado que a pandemia COVID 19 afeta de forma particular grupos de cidadãos vulneráveis, nomeadamente pessoas racializadas e a população mais pobre, nestes se incluindo parte significativa da população imigrante. A falta de condições de habitabilidade em que muitos destes imigrantes se encontram, com risco grave para a sua saúde e para a saúde pública, exige uma rápida resposta.
E a resposta não pode ser a estigmatização! Nem remediativa e circunstancial, apenas focada na superação das condições de risco sanitário! Pelo contrário, a resposta tem que combater ativamente os mecanismos que permitem e sustêm circunstâncias de vida e trabalho indignas e que violam os mais básicos direitos à habitação, saúde, integração social e autonomia. Exige-se que surja uma resposta de reação integrada, não só para o acesso à saúde, mas também para o acesso à habitação digna e a relações laborais que garantam a autonomia individual, incluindo a financeira. O aproveitamento das circunstâncias dramáticas de vida não pode servir os interesses da especulação imobiliária e da exploração abusiva de mão-de-obra.
Às condições de inabitabilidade que vêm sendo notícia estão associados preocupantes indícios de práticas verdadeiramente criminosas – desde o tráfico humano, ao abuso dos empregadores que confiscam documentos aos imigrantes, até à exploração desmedida destes com a sua pior concretização em práticas de verdadeira escravatura. Todos estes indícios não são novidade e o SOS Racismo, como muitas outras associações e entidades, têm vindo a denunciar os atropelos graves à Lei e aos Direitos Humanos que se verificam nesta zona do país. Estas histórias de abuso pelos senhorios e empregadores, bem como a sua relação a redes de tráfico humano, são conhecidas e não são aceitáveis, têm de ser explicitamente denunciadas, consequentemente investigadas e frontalmente combatidas. Exige-se às autoridades competentes o esclarecimento rápido destes casos e condenação que quem vive à custa da miséria e exploração de pessoas.
É com preocupação que o SOS Racismo assiste hoje ao elevar dos receios sobre o risco para a saúde pública associada às populações imigrantes. O risco de estigma é real. O risco para a saúde dos próprios é real. A saúde tem de ser protegida, o estigma tem de ser combatido e os indícios de práticas criminosas de exploração destas populações não pode encontrar respaldo da inércia e incúria das instituições.
Uma última nota para a posição assumida pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, que não se mostrou preocupado com a violação dos direitos fundamentais à habitação, à proteção da saúde, ao trabalho ou à dignidade humana. Não se mostra preocupado com evidências de exploração laboral e tráfico humano. O que move verdadeiramente o Bastonário da Ordem dos Advogados é contestar uma requisição civil que se fundamenta em razões humanitárias e de saúde pública. E só isso faz com que corra para Odemira e percorra telejornais em horário nobre. Quanto à defesa de direitos humanos, o Bastonário da Ordem dos Advogados foi claro: a Ordem dos Advogados não está disponível para estar ao lado dos que sofrem e dos que vêem os seus direitos fundamentais violentados. Esperávamos mais de uma entidade que deveria ter como propósito defender os direitos humanos e a democracia.
Todo este cenário é revelador da cumplicidade entre o tecido empresarial, os interesses individuais e privados e as instituições legais e de governança e da tolerância que daqui decorre face à desumanização de grupos de pessoas racializadas e imigrantes.
4 de maio de 2021 SOS Racismo
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