[Comunicado de Imprensa]
O ajuntamento que ontem teve lugar em Lisboa, foi anunciado pelo criminoso Mário Machado e oficializado por André Ventura e pelo Chega. O mote escolhido para o passeio foi “Portugal não é racista”, designação, esta, que mereceu acolhimento e motivou, precisamente, pessoas que já foram condenadas por crimes de discriminação racial.
Este é, aliás, um clássico em Ventura – diz uma coisa e repete o seu contrário. Apela a uma manifestação para afirmar que não há racismo em Portugal, ao mesmo tempo que fundamenta o seu apoio em pessoas que cometeram crimes motivados por ódio racial. E não foi só Mário Machado a acompanhar Ventura; vários dirigentes do Chega, como o caso de Luís Filipe Graça, Nelson Dias da Silva ou Tiago Monteiro, são conhecidos pelas suas participações em movimentos neonazis e pelas ligações a criminosos já condenados pelos tribunais. A sinalética observada pelo próprio Ventura, de braço bem levantado no ar, seja para afirmar que não há racismo em Portugal ou para confirmar o seu contrário, não deixa dúvidas de inocência sobre a sua real natureza fascista.
Alegar que em Portugal não há racismo é, pois, mentir deliberadamente. Esta ideia que André Ventura traduziu em slogan replica, infelizmente, declarações de líderes partidários tradicionais que declararam não haver racismo em Portugal em reação à manifestação anti-racista de 6 de Junho.
E bem sabemos que a verdade não é o forte nem uma preocupação para Ventura ou para o seu partido. Pelo contrário, a mentira e a deturpação da realidade são ferramentas bem oleadas da sua estratégia. Mas que falham…e este falhanço torna-se inequívoco perante dados objetivos de entidades insuspeitas como a European Social Survey, que no seu último inquérito de 2018/2019 revelou que 62% dos portugueses manifestam racismo, respondendo positivamente a pelo menos uma das seguintes questões: “há grupos étnicos ou raciais por natureza mais inteligentes? há grupos étnicos ou raciais por natureza mais trabalhadores? ou há culturas, por natureza, mais civilizadas que outras?”. E falham também claramente perante a recente e tão real e expressiva manifestação do passado dia 6 de Junho de 2020, em que milhares de pessoas tomaram a decisão de sair à rua não só em Lisboa e Porto, mas também em várias outras cidades deste país. E com uma grande diferença relativamente ao ajuntamento de hoje, é que muitas destas pessoas conhecem o racismo na 1ª pessoa, no quotidiano das suas vidas…e perante isto, não há como negá-lo.
Assim, a iniciativa a que assistimos do CHEGA, querendo negar o racismo, não deixa dúvidas do seu contrário…de que este é um partido que promove ativamente o racismo e a xenofobia. É deliberada a sua perseguição às comunidades negras e ciganas e é recorrente o seu incitamento ao ódio. O ajuntamento a que assistimos, fez prova disso.
28 de junho de 2020