…encontrar um lugar agradável para estar A tua última Festa de 2009 A tua primeira Festa de 2010 31 de Dezembro de 2009 às 23:00 Rua do Almada, 254, 3º Aparece! e traz um@ amig@….
Mês: Dezembro 2009
Muro BIL’IN, CISJORDÂNIA
De Berlim a Bil’in
Dia Internacional dos Direitos Humanos e 19 anos de SOS Racismo

Provider: CartoonArts International / The New York Times Syndicate
Mas os direitos garantem-se todos os dias, refrescando memórias e impedindo repetições. Mas sabemos que a Itália repete os passos que empurra uma sociedade para o fascismo, onde actualmente a imigração é criminalizada bem como a solidariedade que é considerada delito. Sabemos que os horrores na Europa esqueceram os horrores quotidianos dos outros continentes, perpetuados desde 1492, data do início da Conquista europeia na América, ou antes, em África. Sabemos tudo isto.
Por isso existimos. Por isso escolhemos esta data simbólica como data da nossa fundação. Nasceu uma associação anti-racista, o SOS RACISMO. Nasceu fruto da indignação e da mobilização de uma sociedade indignada com um crime racista. Cerca de um ano antes, José Carvalho era assassinado por um grupo de nazis. A violência da extrema-direita e a imbecilidade das suas ideias assustava e despertava um país.
E são 19 anos. 19 anos de lutas, organizando manifestações, publicando argumentos e ideias, debatendo em escolas, universidades, ruas, media. 19 anos a fazer parte da sociedade, intervindo e mudando, propondo e ouvindo. Fazemos desta experiência uma aprendizagem, uma luta para perceber que a discriminação ultrapassa a cor da pele e percebemos a urgência da solidariedade com colectivos LGBT, de mulhereXs e imigrantes.
Aqui estamos. Fomos e somos muitas pessoas diferentes que trocaram experiências, culturas, conhecimentos, amizades e solidariedades. A fazer dos nossos dias uma arma para combater a irracionalidade do racismo: a multiculturalidade.
Muro OSTRAVANY, ESLOVÁQUIA
Em Ostravany, uma pequena vila na Eslováquia, a edilidade local entendeu que a forma mais simples e eficaz de abordar a tensão existente entre os seus residentes, seria construir um muro – um muro que separasse a zona habitada pelas cerca de 1.200 pessoas de etnia cigana dos restantes moradores.
O processo de aprovação de construção do muro – 150 metros de comprimento, 2 metros de altura – iniciou-se em 2008 e consolidou-se no passado mês de Outubro, isolando a zona onde a comunidade cigana reside, criando um gueto efectivo ou, como os próprios ciganos assim o apelidam, uma espécie de “zoo humano”; o complexo envolve ainda a construção de um jardim-de-infância, uma escola primária e um centro social exclusivos para a comunidade cigana. As autoridades locais justificaram a medida, tomando como certas as acusações de que a população cigana é alvo – prevenir o roubo de fruta dos jardins privados dos vizinhos…
Exemplo desta visão são as explicações dadas por Stefan Kuzman, deputado eleito pela União Democrática e Cristã Eslovaca (SDKÚ), que defenda a opção da construção do muro numa frase lapidar: “É um acto desesperado das pessoas que não se conseguem proteger e para quem o Estado não consegue assegurar a necessária protecção”. Como se vê, ainda há quem ache que os ciganos não são humanos, mas meros bárbaros, delinquentes …
Certo é que, apesar de maioritária na vila, a comunidade cigana não participa na vida pública: quase todos os seus membros estão desempregados, como sucede por toda a Eslováquia, onde existem mais de 600 comunidades a viver na miséria, sem electricidade, água potável ou sistema de esgotos.
Em vez de se procurarem soluções que estimulem a convivência entre os habitantes do município, que proporcionem igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, que disponibilizem verdadeiros instrumentos de inserção social e que promovam o respeito, a solidariedade e o civismo, as autoridades locais acabaram por dar a mão à intolerância, ao preconceito e ao racismo, concretizando em tijolos e cimento a forma como a Europa tem tratado a etnia cigana: ostracizando-a da vida pública e negando-lhes o estatuto de cidadãos de pleno direito.
A ideia não é peregrina, nem o exemplo um caso isolado (até nós por cá já tivemos episódios semelhantes, como aquele vivenciado pela comunidade cigana de Montemor-o-Novo e denunciado pelo SOS em 2007). E o que é mais assustador é que a tendência é sufragada pela maioria da população: em 2008, uma sondagem revelava que 82% dos Eslovacos não gostariam de ter um cigano como vizinho.
O que infelizmente este caso eslovaco não possui é o mesmo nível de consideração e mediatismo dado a outros muros semelhantes, demonstrando à saciedade aquilo que acima se expôs: quando os ciganos não merecem estatuto de cidadãos, porque razão os muros que os segregam teriam de merecer honras de telejornal?
Temos Festa! 19 Anos do SOS Racismo
Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2009 às 21:30